No Brasil, desde seu surgimento, a prática da psicologia tem se ampliado cada vez mais para outras esferas sociais. Vejamos como isso se deu ao longo da história da profissão.
O primeiro curso de psicologia surgiu no Brasil em 1958 na Universidade de São Paulo, sendo a profissão do psicólogo regulamentada em 1962. Classes média e alta da população experimentaram processos de subjetivação, típicos das sociedades industriais modernas. Assim, entre as décadas de 1960 a 1990, a psicologia ascendeu como atividade liberal, bastante procurada pela classe média urbana no Brasil.
Com a emergência vigorosa dos movimentos sociais no País entre 1975 a 1985 (Comunidades Eclesiais de Base, associações de bairro, grupos estudantis, grupos sindicais, movimentos de mulheres) novos discursos e práticas de afirmação de outros modos de ser e de viver foram trazidos à psicologia. Com isso, houve a ampliação da concepção do que é o político - passou a ser problematizado no cotidiano, nas relações entre os gêneros, entre as diferentes faixas etárias, entre as raças, na relação entre os doentes e os especialistas.
Todos esses acontecimentos foram concomitantes a um grande aumento de novos cursos de Psicologia no País, com o incremento de variadas práticas de trabalho alternativas em relação aos tratamentos psicoterapêuticos oficiais.
Na década de 80, o crescente contingente de psicólogos passou a atender clientelas oriundas de classes mais populares, pela ação da psicologia social comunitária, pelo movimento de saúde mental e pelo surgimento de cooperativas de psicologia.
Portanto, entre os anos de 1970 a 2000 houve uma crescente ampliação social da atuação do psicólogo. Para ser capaz de apreender o sujeito brasileiro contemporâneo, a psicologia precisou se manter permeável a outras interlocuções fora de seu campo de saber e de fazer, ao se inserir em equipes multidisciplinares, como ocorre, por exemplo, na atuação em hospitais.
Neste ano de 2012, a profissão de psicólogo(a) está completando 50 anos. Ao longo desse período, saberes e fazeres foram construídos em meio a cenários políticos marcados por intensa disputa. Sua configuração atual pode ser descrita como o resultado de uma luta para substituir concepções elitizantes por outras, nas quais a subjetividade é pensada em suas articulações com a vida social, visando o bem-estar de toda a população. O pensamento crítico e a luta política foram (e continuam sendo) essenciais nesse processo de recriação contínua da Psicologia, como ciência e profissão, o que contribuiu para uma maior socialização do trabalho do psicólogo, evidenciado em parte, pela oferta de serviços de cooperativas de psicólogos.
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